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Lugar de afeto e respeito à individualidade

No Cora, autistas e suas famílias encontram suporte e apoio para o desenvolvimento de crianças com o TEA

16/07/2018 Lugar de afeto e respeito à individualidade

Uma das maiores dificuldades de pais com filhos autistas é o acesso a terapias que influenciem no desenvolvimento da pessoa com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Foi justamente essa necessidade que levou um grupo de mães de crianças com o espectro autista a se unir e fundar o Cora (Centro de Otimização para Reabilitação do Autismo), em 2010. Oito anos após a fundação, a instituição está em pleno crescimento, atendendo a cerca de 40 crianças e adolescentes entre 3 e 20 anos. Para isso, ela conta com a ajuda de profissionais das áreas de musicoterapia, psicomotricidade, fonoaudiologia, arteterapia, terapia ocupacional e oferece aulas de capoeira como forma de incentivar a prática de esportes. 

O autismo interfere em vários aspectos dos desenvolvimentos cognitivo e social. A pessoa autista geralmente apresenta dificuldades na comunicação verbal e não verbal, na interação social, no lazer e nas atividades lúdicas. “A terapia do autista é contínua, para a vida toda. É um tratamento custoso porque o TEA pode abranger várias áreas do desenvolvimento, e a terapia vai depender da necessidade que a criança apresenta”, explica a presidente da instituição e musicoterapeuta Michele Senra, única remanescente desse grupo de mães que deu origem ao Cora.

A Associação Vitória em Cristo (Avec) entende e apoia essa iniciativa desde 2012. “A parceria com a Avec é maior que o Cora, pois está ligada à minha jornada pessoal. O meu filho, Breno, que é autista, era bem pequeno quando a pastora Elizete Malafaia viu as dificuldades que eu enfrentava e interessou-se por essa causa, convidando-me para falar sobre o autismo em seu programa de televisão, Mulher Vitoriosa. A Avec foi a primeira e única instituição que nos estendeu a mão e ofereceu parceria. Isso é algo muito difícil”, revela Michele, acrescentando que o apoio da Associação, inclui o espaço para funcionamento da entidade e ajuda financeira para pagar os profissionais especializados.

O autismo no mundo

A incidência do autismo no mundo é significativa. De acordo com o Center of Deseases Control and Prevention, agência norte-americana de proteção à saúde, em 2014, uma em cada 59 crianças, na faixa etária de oito anos, foi identificada com o TEA. Da mesma forma que o número é significativo, a falta de entendimento sobre o autismo também impacta os indivíduos, suas famílias e comunidades. “O Cora não abraça somente as crianças. A reabilitação e o suporte às famílias são importantes, pois a falta de conhecimento faz com que as pessoas ignorem o problema”, comenta Michele.

O Cora conta com oito profissionais especializados. Cada atendimento dura 30 minutos, podendo ser em grupo ou individual. Os valores cobrados são populares, e os recursos ajudam na manutenção básica e na aquisição de materiais terapêuticos, de limpeza e de escritório. “A equipe é pequena, mas conseguimos fazer um trabalho transdisciplinar. Diariamente, conversamos sobre os atendimentos e sabemos tudo o que acontece com cada criança. Assim, temos uma troca muito positiva”, explica a terapeuta ocupacional Elizabeth Nascimento, especialista em neurodesenvolvimento infantil.

“O Miguel foi diagnosticado com autismo aos quatro anos e está no Cora há nove meses, onde faz musicoterapia, arteterapia e capoeira. Ele teve um grande desenvolvimento em sua neuroplasticidade. Aqui, encontrei profissionais de qualidade, e o valor que pagamos é acessível. Indico o Cora para todo mundo”, revela Mariane Teixeira sobre o filho de cinco anos.

Um dos trabalhos que merecem destaque no Cora é o Concerto Azul. Na programação, que acontece em abril, época em que se comemora o mês de conscientização do autismo, as crianças se apresentam cantando, dançando e tocando instrumentos musicais. Neste ano, o Cora promoveu a terceira edição do evento pela segunda vez consecutiva no Teatro Miguel Falabella (RJ). “Queremos mostrar que o autista tem possibilidades e talentos. É um trabalho que mexe com a autoestima das crianças e dos pais, gerando orgulho para toda a família”, enfatiza Michele Senra.

“No Concerto Azul, buscamos explorar o melhor dos pacientes, extraindo o talento de cada um. É lindo, porque vemos cada criança sendo protagonista da sua própria história”, completa Thiago Henrique, estudante de psicologia e co-terapeuta na musicoterapia.

Diagnóstico e tratamento

Não existem exames médicos para diagnosticar o autismo. Um diagnóstico preciso é baseado na observação de comunicação do indivíduo, no comportamento e nos níveis de desenvolvimento, bem como na busca de auxílio profissional especializado.

Verônica Magalhães, mãe de Arthur, hoje com três anos, percebeu que o filho se comportava de modo diferente quando ele tinha oito meses, durante a transição da papinha. Ela buscou vários especialistas, que o diagnosticaram com Transtorno Global de Desenvolvimento (TGD). Após muita persistência e procura, a mãe encontrou um neurologista que observou características do autismo na criança e explicou que o TGD é um dos diferentes espectros do autismo.

Arthur faz tratamento no Cora há 15 meses e já teve um ótimo desenvolvimento. A agressividade diminuiu e a interação social e a comunicação melhoraram. “Antes do Cora, ele não falava, não pintava, não desenhava, não aceitava tocar em lápis e massinha. Com a arteterapia ele passou a aceitar tocar nesses objetos, e foi a partir daí que começou a desenvolver a psicomotricidade motora”, conta a mãe.

“O Cora teve um papel fundamental na vida do Enzo. Aqui, ele pode evoluir. Antes, não apontava, não esboçava nenhum tipo de reação. Hoje, interage, aponta, tem uma vida social melhor. Os profissionais são maravilhosos, dedicados e muito carinhosos”, atesta Raquel Amaro, mãe de Enzo, de quatro anos.

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